terça-feira, 4 de outubro de 2011

DNTWB 02 - A Garota Misteriosa

Death Note - The White Book
Capítulo 2 - A Garota Misteriosa.



Tokyo, dois dias depois (10 dias para a morte de L).

- Tem algo que me intriga muito... – dizia L a si mesmo, enquanto observava algumas folhas – Todos os nomes que foram escritos no caderno, são de criminosos que realmente morreram. Aproximadamente 70% desses criminosos são orientais. Mas o problema é que... Uma quantidade muito superior a de 30% de condenados morreram no resto do mundo. Coincidência talvez? Números? Criminosos morrem de qualquer forma, mas... Muitos e muitos outros, de ataques cardiácos, suicídios ou formas totalmente inusitadas. É estranho...

Instantes depois o interfone tocou. L se levantou lentamente da cadeira e foi atender:

- Moshi-moshi?

- HIII!! – respondeu uma voz feminina bastante empolgada – O Senhor é o L?!

L a princípio se surpreendeu e não soube como responder. Deve provavelmente ter pensado algo como "quem é essa louca?", então viu as imagens da câmera da entrada e olhou atentamente para a garota. Após uma breve pausa, falou:

- Quem é você?

- Ah... Desculpe-me. Eu devo tê-lo assustado. Deixe-me entrar que eu lhe explicarei tudo. Não se preocupe, se o Senhor quiser colocar uma máscara ou falar comigo escondido, eu não me importo. Também o Senhor não deve estar sozinho e todo o local deve ser monitorado por câmeras e escutas, certo? Eu não me atreveria a tentar algo nessas circunstancias, mas não posso falar nada aqui, ou correremos o risco de que alguém escute... E, além disso, o Senhor precisa me ver para sentir confiança... Afinal eu não tenho nenhuma má intenção. Ah... Desculpe, eu falei demais!

- Está tudo bem. – disse L calmamente – Entre. Afinal a Srta já foi descuidada falando tudo isso...

- Oh my... Desculpe-me.

A garota era a mesma que aparecera em Londres, Lucy. Ela estava bem arrumada, com um vestido tomara-que-caia curto e rosa, e mais uma vez com sandálias de salto-alto. Entrou no elevador e subiu até o andar do escritório de L, seguindo as coordenadas deste. Assim que saiu do elevador, L já estava a sua espera.

Ao se encontrarem, ambos se surpreenderam. Olharam-se um ao outro dos pés a cabeça. E L foi quem deu a primeira palavra:

- O que... Alguém como você faz aqui?

- "A... A-Alguém como eu"? Co... Como assim?

- Se veio fazer propaganda de casa noturna, eu dispenso.

Lucy se surpreendeu com o comentário e a princípio não pôde entender até olhar para as próprias roupas e perceber que deveria estar "arrumada" demais. Mas não era pra tanto, o detetive estava apenas brincando com ela, que em realidade estava linda.

- Ah... – Lucy ficou vermelha de vergonha, se virou para o elevador e entrou – Desculpe, eu volto outro dia...

- "Outro dia" talvez não exista – disse ele impedindo.

A garota parou, refletiu por dois segundos e depois se voltou para L.

- Por que diz isso? O Senhor está a caminho da morte? Também é mesmo estranho que não tenha se importando em me receber, e nem sequer está disfarçado.

L deu uma breve pausa antes de falar:

- A Srta é estrangeira, não é? Apesar de leves traços orientais... Uma mestiça?

- Sim... Eu acho...

- "Acho"?

- Ah, é uma longa história... Não vem ao caso falar disso agora. Tenho algo importante a comunicar.

- Então venha comigo.

Ao entrar no escritório, Lucy pareceu se sentir mais a vontade. Zelfa se posicionou em um dos cantos do local e apenas ficou observando, L não podia vê-lo.

- A Srta Ainda não me disse o seu nome. – falou L.

- Nossa, é mesmo! Sinto muito... É que eu sou um pouco distraída. Me chame de Lucy. – disse ela sorrindo.

- "Lucy"... Esse é mesmo o seu nome?

- Não. Ou melhor, não sei... Talvez seja.

- Srta. Lucy... Vou exigir que me explique isso direito, mas antes... Deseja alguma coisa? Água, café, chá...

- Bem eu... Talvez seja um abuso da sua boa vontade, mas... Eu daria tudo por algum doce. – disse ela sorrindo outra vez.

L ficou ainda mais surpreso. Após algum instante disse:

- Doce é? Aqui não falta...

Já estavam os dois sentados na mesa, ambos comendo doces. Ele comia algum tipo de mousse e ela um pedaço de bolo.

- O Senhor tem mesmo um ótimo gosto para doces... Está uma delícia!

- Sim... Eu faço encomendas diárias. Mas voltando ao nosso assunto de antes... Por que nenhuma de suas respostas é concreta? A Srta não sabe se é ou não mestiça e também não sabe se Lucy é ou não um pseudônimo. Ou a Srta está tentando fazer mistério ou...

- Perdi a minha memória. – interrompeu ela de forma direta.

- Desde quando? – ele perguntou intrigado.

- Não me lembro de nada anterior aos três últimos anos. Não sei de onde vim, não sei quem eu sou... Não sei sequer a minha idade.

L deu uma breve pausa enquanto a observava e depois começou a dizer:

- Sua idade não é difícil descobrir com simples exames em laboratório. Sua identidade pode também ser descoberta com amostras de suas impressões digitais.

- Eu já tentei fazer isso. Não constou nada arquivado. É como se eu nem existisse. O teste da idade eu não pensei em fazer. Mas incrivelmente eu tenho uma grande base de conhecimentos gerais e acadêmicos, assim como também falo fluentemente oito idiomas. Tenho facilidade com todos então é difícil definir qual é o da minha terra natal. Minha memória teve início há três anos, na Inglaterra. Mas isso não significa que eu seja realmente inglesa.

- Isso é mesmo muito estranho. Não constar nenhum dado nos arquivos civis... Indica que eles foram apagados, ou você era uma indigente que nunca teve um registro. Mas se a Srta veio me procurar para resolver o seu caso, sinto muito, mas não sou um detetive particular. É melhor que procure...

- Não se precipite, por favor. Não tenho tanto interesse assim em desvendar o meu passado, se não eu teria apelado para recursos como terapias de transgressão. A verdade é que eu tenho medo, então acho melhor deixar as coisas como estão. Tudo o que eu consegui nesses três anos foi andar como uma ilegal. Tenho passaportes e documentos falsos e todo dinheiro que eu consigo é trabalhando como uma modelo fotográfica de uma empresa pouco conhecida na Inglaterra. Ninguém sabe nada sobre mim. Bom... Se nem eu sei.

- Nunca descobriram que a Srta usa documentos falsos?

- Não. É que na verdade não são falsos perante a lei. Porque eu... Invadi o sistema civil de registros e identificações e inclui todos os meus documentos como sendo legais e oficiais.

- Uma hacker?

- Não é o meu trabalho, mas foi o que eu fiz. É... O Senhor terá que me prender?

- Esse não é um trabalho meu. Mas a Srta me parece uma caixinha de surpresas. Uma garota bastante extrovertida, mas também dotada de um grande porte intelectual. Assim fica difícil adivinhar o que está pensando ou tramando.

- Se está se referindo ao real motivo de minha visita... Não precisa se preocupar com isso. Agora serei direta... Estou aqui devido ao caso Kira e o Death Note.

L entrou em choque de tão surpreso, e mesmo após um instante tudo o que fez foi manter o silêncio. Lucy, ao perceber sua perturbação repentina, continuou:

- Ah... Talvez eu também deva... – dizia ela enquanto retirava algo da bolsa – Talvez eu também deva lhe mostrar isso.

Lucy colocou sobre a mesa um caderno branco semelhante ao Death Note.

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