quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ACDV 00 - Prólogo

As Colinas de Vèlklain
Prólogo


Tinha asas de anjo e olhos diabólicos

Dançava como as fadas e brilhava mais que as estrelas

Iluminava sombras, purificava trevas...

Acorrentada a elas.


Dedilhando sonhos e compondo cores

Perdia-se por entre a magia

E forjando o seu mundo fantástico

Despertou


Num abismo que até então

Adormecia...



Inglaterra, 1678.

Era uma bela tarde como muitas outras quando as empregadas corriam desordenadas por aquele grandioso castelo. Talvez a tarde tão bonita servisse para disfarçar o desespero.

O pequeno Vèlklain tinha apenas quatro anos, sendo jovem demais para entender o motivo de tanto alvoroço. Mas de uma coisa ele sabia e ansiava: seu irmão, ou quem sabe irmã, daria boas vindas a este mundo dentro de alguns instantes.

O garoto era filho de Sir. Henrry Vèlklain, senhor de todas as terras de Vèlklain. Essas terras foram batizadas com esse nome por Sebastian Vèlklain, tataravô do tataravô de Henrry. Diziam as lendas que o lugar, cercado por colinas, era como uma porta para o inferno. Pois quando a escuridão noturna invadia aquela floresta, tudo parecia entrar em outra dimensão totalmente sombria e desesperadora. À noite, mesmo do quarto mais escondido do castelo era possível escutar as vozes e os gritos que vinham como rajadas de ventos ecoando daquela floresta. Até os mais valentes cavaleiros temiam esse tipo de coisa.

Henrry Vèlklain havia se casado há seis anos com Anna Triementh, com quem teve seu primeiro filho, o pequeno Lohan. Agora este aguardava o nascimento de seu irmão, igualmente filho de Anna e Henrry.

Não demorou muito para que uma das criadas notasse o menino, inquieto, parado em seu lugar ao lado da cômoda sem a menor idéia de onde ir.

- O jovem amo deseja passear no jardim? – perguntou a criada.

Lohan não respondeu, apenas acenou desordenadamente com a cabeça, de forma que tal gesto fora incapaz de satisfazer a pergunta da mulher que se mantinha a sua frente.

- Jasmine!! – chamava outra criada pelo nome da moça – A criança nasceu! Rápido, precisarei da sua ajuda!

- Ora... Outro menino?!

- Não, é uma linda rapariga! – respondeu a mulher enquanto voltava a correr na direção da escadaria – Vamos!

Assim que a criada pôs-se a seguir os passos da outra, o pequeno Lohan impediu-a, segurando a moça pela barra de sua saia. Ela olhou atentamente para o garoto e depois sorriu dizendo:

- Talvez o jovem amo deseje conhecer a irmã?

A criada então levou o menino consigo. Quando ambos chegaram ao quarto, Anna estava na cama, agora descansando de uma grande exaustão, porém estava aliviada, pois afinal o parto ocorrera bem sucedido e a criança nasceu uma menina, assim como desejava.

- Lohan está aqui?! – surpreendeu-se ela ao notar a presença do primogênito.

- Sim... Ele quis muito vir minha senhora, então eu o levei comigo.

- Ah... Não se preocupe Jasmine! Apenas não esperava vê-lo aqui, ainda mais com essa expressão tão ansiosa.

Nesse instante, uma das criadas já retornava com a criança nos braços, agora estando esta embrulhada em muitos tecidos que pareciam aquecê-la bastante. A mãe segurou-a com cuidado e esforço, não ficaria muito tempo com a menina, pois depois de um parto difícil ficara cansada demais para dar toda a atenção que gostaria de dar a sua filha.

- Venha Lohan... – dizia Anna gentilmente ao garoto para que este se aproximasse – Venha conhecer sua irmã.

A princípio Lohan teve receio em se aproximar, mas logo deu singelos passos até a mãe. Assim que parou ao lado da cama, Anna o aproximou da criança. O garoto se pôs mudo e impressionado. Sua irmã estava lá, tão pequena e indefesa, com a pele ainda vermelha e os olhos bastante esticados. Mas para ele, aquela havia sido a coisa mais bela que já vira até então.

- A senhora já sabe o nome da menina? – perguntou Jasmine.

- Leesliel... Ela vai se chamar Leesliel.


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